Especialistas diz que Joaquim Barbosa é fato novo da politica brasileira e pode chegar ao segundo turno
Às 14h45 da última quinta-feira, ao chegar à sede do PSB, um imóvel na
Asa Norte, em Brasília, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim
Barbosa pensou em recuar. O batalhão de jornalistas foi uma surpresa para o
magistrado aposentado, como ele mesmo disse a líderes da legenda. O desafio do
homem que nas pesquisas de intenção de votos chega a 10% é transformar o
espanto em decisão. Mas isso pode demandar tempo. Há clara intenção entre a
sigla e o ministro aposentado em transformar o namoro, iniciado há pelo menos
oito meses, em casamento. A dificuldade é que eles passariam a morar sob o
mesmo teto. E isso pode dar certo ou errado.
O casamento entre Barbosa e o PSB depende da resolução de brigas
internas do partido — legenda que tem entre os integrantes gente da esquerda e
da direita. Mas também de imposição do próprio ex-ministro. À imprensa ele não
demonstrou preocupação em perder eventual apoio em decorrência da lentidão em
definir a candidatura. “Who cares?”, respondeu, em inglês. Na tradução literal
para o português, a frase significa “quem se importa?”. Hoje, tem pelo menos
potencial de 14 milhões de eleitores, ainda na largada. A postura expressa bem
que o jurista ainda não caiu em si sobre o seu potencial. Afinal, mesmo sem
ainda ter se posicionado ou discursado como pré-candidato, detém intenção de
votos superior à soma de votos de Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (Psol) e
Manuela D’Ávila (PCdoB).
A
capacidade eleitoral do pessebista também se iguala à dos principais nomes do
centro. Juntos, Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Maia (DEM) e Henrique Meirelles
ou Michel Temer (MDB) detêm os mesmos 10% que Barbosa. A diferença entre esses
pré-candidatos e os de esquerda é que Barbosa pode crescer mais nas pesquisas,
sustenta o cientista político Murillo Aragão, sócio da Arko Advice. “Pode
afetar todas as candidaturas. De esquerda, centro ou direita”, avaliou.