Acusado de roubo do Banco Central de Fortaleza tem pena reduzida sem nunca ter sido preso
Passaram 13 anos desde o maior furto a banco da história do
Brasil. O crime, que teve como alvo o Banco Central, em Fortaleza, permanece
cercado por incógnitas. Dentre aquilo que nunca se resolveu desde o episódio,
ocorrido no ano de 2015, está a prisão de um dos condenados. Ousado e
silencioso, como no furto, Antônio Artenho da Cruz, o 'Bode', nunca foi,
sequer, capturado. Porém, teve a pena, que nunca cumprirá, reduzida. A defesa de 'Bode' foi
comunicada, ontem, que a Justiça decidiu em favor dele pela extinção da
punibilidade pelo crime de formação de quadrilha. Artenho da Cruz, no entanto,
permanece na condição de foragido pelos crimes de lavagem de dinheiro e furto
qualificado.
Artenho, nascido em Boa
Viagem, a cerca de 220Km de Fortaleza, é o único envolvido no furto que nunca
foi preso. Apesar da decisão expedida pela 12ª Vara da Justiça Federal do
Ceará, não há previsão de que ele se entregue. "Esclarecemos que
encontra-se em trâmite no Superior Tribunal de Justiça (STJ), habeas corpus
requerendo a decretação da extinção da pena em relação ao delito de lavagem de
dinheiro, por atipicidade da conduta", disse a advogada Erbênia Rodrigues,
que representa a defesa de 'Bode'. Há pouco mais de um ano, em
junho de 2017, o STJ decidiu reduzir a pena de Artenho de 27 anos e sete meses
para 13 anos de prisão. Agora, a previsão, é que mais três anos sejam
descontados da pena. A maior sentença contra ele foi proferida em decisão de
janeiro de 2008.
Personalidade
Para a Justiça Federal, o
acusado tem "personalidade desvirtuada e voltada para o crime, bem como
suas condutas sociais reprováveis". A Polícia Federal (PF) identificou que
ele foi um dos escavadores do túnel, que chegou ao cofre do BC. Em pelo menos
duas situações, a Polícia esteve perto de capturar Artenho, que costumava
visitar o pai, em uma fazenda, em Boa Viagem. O furto ao BC ocorreu após
três meses de planejamento e escavações. A quadrilha conseguiu sair de uma
residência, e chegar ao cofre da instituição e furtar mais de R$ 164 milhões,
no dia 5 de agosto de 2005, por meio de um túnel. Durante os dez primeiros
anos, 133 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF),
sendo 94 destes condenados. Em setembro deste ano, Raimundo Laurindo Barbosa
Neto, foi preso em Boa Viagem, pela PM. Laurindo Neto é outro acusado de participar do crime que
conseguiu permanecer foragido por mais de uma década. Enquanto estava solto,
teria sido sequestrado duas vezes por outros criminosos.