Deputada sofre onda de ataques por conta do decote de sua roupa
A roupa usada pela deputada estadual Ana Paula da Silva, conhecida como
Paulinha (PDT), durante a cerimônia de posse no dia 1º de fevereiro na Assembleia
Legislativa de Santa Catarina (Alesc) provocou repercussão nas redes sociais. O
macacão vermelho com decote foi alvo de milhares de comentários, muitos deles
ofensivos. A parlamentar já foi prefeita de Bombinhas, no Litoral Norte, duas vezes. Uma foto tirada no dia da posse e postada no mesmo dia pela deputada
numa página de rede social já teve mais de 8,5 mil comentários e 6,2 mil
compartilhamentos até esta segunda-feira (4). As ofensas vieram de várias
partes do país. Um dos comentários foi feito por um homem que se identificou
como policial militar. Em entrevista à NSC TV, ela disse que sempre usou roupas justas e
decotadas e que não vai ser agora que chegou à Alesc que vai mudar. "Claro
que foi um dia de bastante sofrimento, não vou negar. Mas eu não vou arredar o
pé daquilo que eu sou. Eu quero ser feliz acima de todas as coisas. E isso
implica em me apresentar para as pessoas como eu sou. Corpo, alma,
verdadeiramente aquilo que eu sou. Acho que esse preconceito precisa ser
desconstruído. E de fato, no ambiente da política, a presença esmagadora de
homens nos faz encolher, nos faz retroagir", disse Paulinha. Para
a deputada, as pessoas estão dando atenção para coisas que não são relevantes.
"Hoje tem mais de 800 mil catarinenses esperando procedimento médico ou
cirúrgico. Nesses 30 dias, essas filas só aumentaram. Essas sim são as questões
mais importantes", declarou. Paulinha
disse também que pretende processar quem fez comentários ofensivos contra ela.
O
advogado criminalista Leonardo Costella afirma que no caso da advogada, as
pessoas que fizeram os comentários ofensivos podem ser condenadas até a pagar
indenização por danos morais. "Esses
crimes podem muito bem serem classificados por difamação ou injúria, que são
crimes contra a honra", disse. A
Assembleia Legislativa informou que o regimento interno diz que o traje do
plenário é passeio completo e que a roupa da deputada estava de acordo, por
isso não houve quebra de decoro. Disse ainda que repudia os comentários misóginos
contra a deputada. Já o
comando geral da Polícia Militar afirmou que vai abrir processo administrativo
para investigar a postura do policial da reserva que postou os comentários
ofensivos.