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Autoridade aponta que cena do crime do roubo ao Banco do Brasil em Milagres foi violada

Quando se soube que 14 pessoas foram mortas no Interior do Ceará, minutos antes de uma tentativa de assalto a banco e durante ato de intervenção da Polícia Militar, uma série de questionamentos surgiu. Encontrar os responsáveis pela 'Tragédia em Milagres' parece ser o pouco que restou depois de as fontes oficiais informarem que, dentre os alvejados, seis eram reféns. 
Cada novo detalhe exposto é parte de um quebra-cabeças que parece não ter fim. Na edição de ontem, o Diário do Nordeste trouxe novos desdobramentos da matança ocorrida na madrugada do último dia 7. A descoberta da sequência de violações na cena do crime apontada por populares e testemunhas introduz um novo capítulo com mais quebras de protocolos por parte das autoridades. De acordo com o promotor de Justiça, André Clark, coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), chegou ao conhecimento do órgão investigatório “a notícia da alteração da cena do crime antes da chegada da Polícia Civil ou da Perícia Forense, ocorrida após a tentativa frustrada do roubo a banco, em Milagres”. O MPCE se posicionou que está apurando a veracidade da notícia e procura saber quem seriam seus autores, assim como busca informações sobre a possibilidade das imagens das câmeras de segurança no entorno terem sido apagadas após troca de tiros entre criminosos e policiais. Em entrevista com fonte do MPCE, que acompanha as investigações acerca do caso, e optou por não ter sua identificação informada, foi revelado que o Ministério Público vem acompanhando coleta de informações a fim de apurar a dinâmica do fato e identificar quais condutas irregulares foram praticadas.
“A investigação está muito preliminar. Mas houve mudança na cena do crime. É fato. Retiraram os corpos das pessoas mortas antes da perícia chegar. Temos que transformar tudo que sabemos em provas técnicas. Saber por que e quem fez isso. Por que retirar os veículos do local? O básico é preservar a cena. Isso pode comprometer a apuração, vai dar mais trabalho, mas creio que não vai impedir que cheguemos a uma determinação”, disse o entrevistado. Na tentativa de esclarecer de onde partiram os tiros que mataram cada um dos 14, assim como responder outras tantas perguntas provenientes da tragédia, muito há de ser refeito e muitos ainda serão ouvidos.
“Testemunhas continuam prestando depoimentos. O que aconteceu em Milagres é um quebra-cabeça dividido em muitas peças. Por algumas provas terem ficado comprometidas, esse quebra-cabeça ficou com ainda mais peças. Dependemos da perícia técnica. Estas imagens que disseram terem sido apagadas, há como recuperar. A reconstituição segue sem data para acontecer. Só vamos reconstruir todo o cenário quando tivermos muitos dados de perícias”, destacou a fonte.
Sigilo
A reportagem questionou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) sobre as irregularidades na preservação da cena do crime. Em nota, a Pasta se limitou a informar que “as circunstâncias que envolvem a ocorrência em Milagres estão sendo apuradas e antecipar qualquer informação pode prejudicar o resultado das investigações”. 
O Ministério Público afirmou que acompanha de perto as investigações por meio de uma comissão de promotores, em parceria com a Polícia Civil, realizando sucessivas reuniões, com ampla troca de informações e definição de estratégias em conjunto para os próximos passos da investigação.
“Importa destacar também o importante papel desempenhado pela Perícia Forense, que tem feito a análise de imagens e projéteis, além de outros exames periciais, que certamente serão de grande importância para o esclarecimento dos trágicos eventos ocorridos em Milagres”, acrescentou o MPCE.