Briga politica em Bayeux respinga no ex- governador Ricardo Coutinho
O vereador Mauri Batista,
o Noquinha (PSL), teve um ataque de sinceridade durante discurso na Câmara de
Bayeux. O pronunciamento foi proferido no dia 3 de janeiro, na tribuna da Casa,
mas só agora veio à tona. Revoltado com as críticas dos pares, referentes ao
período em que ele comandou a prefeitura, soltou o verbo contra os colegas.
Entre outras coisas, confessou que distribuiu largamente cargos para familiares
de vereadores aliados. Fez o mesmo com o governador ex-Ricardo Coutinho (PSB). A
estratégia era conseguir os apoios necessários para cassar o mandato do
vice-prefeito Luiz Antônio (PSDB).
O ex-vice-prefeito foi afastado do cargo por
decisão da Justiça no dia 21 de março do ano passado. A decisão foi do
desembargador Arnóbio Alves Teodósio. Pesa contra ele acusações de tentativa de
extorsão de um empresário. O vice ocupava o cargo de prefeito desde o
afastamento do prefeito Berg Lima (sem partido) em julho de 2017, que voltou ao
cargo no fim do ano passado. Do afastamento à cassação do mandato, passaram-se
menos de duas semanas. Por maioria qualificada, o tucano teve o mandato cassado
no dia 4 de abril. O fato abriu caminho para Noquinha prolongar a interinidade
dele.
O caso voltou à pauta das discussões nesta semana.
Na última segunda-feira (4), houve uma audiência na 43ª vara, em Bayeux. Luiz
Antônio entrou com ação na qual pede a restituição do cargo. Alega manobra
política e compra de votos. Durante depoimento, Noquinha confirmou tudo o que
havia dito antes em relação à distribuição de cargos para familiares de
vereadores. As benesses, ele reforça, fizeram com que até os problemas mais
graves que ocorreram na cidade, inclusive o do lixo, fossem ignorados pelos
colegas. As críticas vieram depois que ele deixou o cargo.
Cargos indicados por Ricardo
Noquinha também confessou que foi ao ex-governador
Ricardo Coutinho em busca de apoio. Queria do socialista a fidelidade do PSB na
cidade. A reunião contou com a participação, também, do secretário de
Planejamento e Gestão, Waldson de Souza. O apoio foi franqueado, mas a
contrapartida foi a entrega das pastas de Saúde e Educação. Foi cobrada
autonomia para todas as decisões. Para a Saúde, o indicado foi o médico Edvan
Benevides. Para quem não lembra, ele comandou o Hospital de Trauma entre 2011 e
2016. Este período é justamente o que a instituição passou a ser administrada
pela Cruz Vermelha Brasileira.
A organização social, atualmente, está implicada em
várias denúncias. Toda a cúpula da instituição está presa em meio a denúncias
de superfaturamento e, inclusive, de doações para campanhas eleitorais. Os
ministérios públicos da Paraíba e o do Rio de Janeiro apontam doações de
campanha para Ricardo Coutinho e João Azevêdo. “Eu errei quando entreguei as
secretarias sem que eu tivesse autonomia sobre elas. Não faria isso de novo”,
alegou Noquinha.
O secretário Waldson de Souza foi convocado para
uma audiência no dia 14 de março, quando deverá responder às acusações.
Fonte:Suetoni Souto Maior